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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nossos gênios desmerecidos,

"O mundo da arte é uma expressão profunda da vida, do que está vivo com todas suas ambigüidades e valores. A arte expressa o que somos (nossa interioridade) e o que queremos ser e não ser...".
(Gabriel Izquierdo Maldonado)


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As bocas são muitas e o falatório é adverso. Mas a maioria concorda e diz que estamos estacionados no tempo. Esta reclamação é voltada principalmente para a área artística. A discussão é que não há novos movimentos revolucionários – assim por dizer - literários, filosóficos ou musicais. Alguns dizem que é um século em vão. Não há nada novo ou extraordinário. Os mais pessimistas dizem que passaremos esse século em branco.


Não há nada comparado às escolas filosóficas da Antiguidade ou ao Impressionismo que surgiu no séc. XIX do francês Monet. E se tratando de literatura temos o romancista brasileiro Álvares de Azevedo com seus belos poemas. Talvez jamais haja algo que se iguale ao rock clássico dos Beatles nos anos 60, ou a Bossa Nova que se iniciou no final dos anos 50, com os genais: Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes entre tantos outros. Os gênios são inúmeros.


A questão é que hoje há nomes que se destacam em qualquer dessas áreas. Mas dizem que nada parece ser bom o suficiente para criar um novo modo de visão ou estilo de vida que atinja a toda a massa ou provoque falatório geral. Isso é um fato. Obviamente nós sofremos influencias artísticas, o humano necessita estar conectado a arte de alguma forma, mas nada de grande magnitude.


O mundo não deixou de ser mundo, estamos apenas em épocas diferentes. Agora há uma maior concentração de pessoas e conseqüentemente uma “competição” mais acirrada. Nossos pequenos gênios não deixaram de existir, estão todos espalhados por aqui para dar novas perspectivas conforme as nossas necessidades.

O grande problema é que não parece haver espaço suficiente para todos eles e o poder da mídia – por nosso consentimento - coloca em evidência poucos. Alguns nem mesmo recebem o destaque que mereciam. Se estamos visivelmente estagnados em algum movimento artístico que seja, grande parte da culpa é nossa que não abrimos nosso campo de visão para o novo e o que há de vir. Somos nós que de inúmeras maneiras e formas não damos o valor que estes merecem.


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8 comentários:

Janaína ferraz disse...

Nossa! Esse questionamento é excelente. Acredito que certos valores foram se invertendo com o tempo e o foco foi mudando sua direção.

Estou seguindo o teu blog, seu cantinho é muito elegante e inteligente.
Volto mais vezes.

Renata Galvão disse...

Não sei se te aplaudo e junto minha voz em coro...ou se grito até a rouquidão se fazer em mim, me proibindo de defender os artistas vivos e produtivos. Como artista digo que existem sim movimentos pensantes! Gente defendendo, inclusive, essa idéia do vazio desse momento morto da história da arte. Mas também existe a inundação de tanta informação burra que faz a arte ser diluída em nada...
De qualquer forma, é um ótimo texto pra fazer a gente pensar no que tá acontecendo agora! Mandou muito bem! Abraço.

Lidiane Dutra disse...

Olá,
Como artista e professora de artes, também fiquei no mesmo impasse que a Rê Galvão ao ler teu texto. É uma excelente reflexão que poucos fazem. E geralmente não fazem porque a reflexão vem acompanhada da auto crítica, e são poucos aqueles que se dispõe a avaliar as próprias ações. Acredito que há muita coisa boa que se perde na massa... Por exemplo, há canais excelentes no YouTube, com boas produções artísticas, mas os vídeos mais acessados são os virais, geralmente de baixaria. Mas enquanto houver quem se questione e reflita sobre tudo isso, ainda temos esperança. Parabéns e abraços!

Má Khalil disse...

Grata pelas comentários, meninas.
Voltem sempre.

Concordo com o que cada uma de vocês falaram. A arte que predomina realmente parece ser vazia e o que é bom se dilui no meio e não consegue o destaque que merece.

Cabe a nós valorizar a boa arte e passar adiante seja em qual área for.


Abraços.

Infame Lúdico disse...

Muito bom :D

O que predomina atualmente é o entretenimento.

São tempos diferentes e a arte acaba acompanhando.
Ontem usávamos pena e tinta, hoje, Photoshop. hehe :B

Leonardo Batista disse...

Muito manero!

Má Khalil disse...

Grata pelos comentários.


Abraços,
Má Khalil

Siqueira disse...

Acredito que o grande problema é que infelizmente a cultura de entretenimento dilacerou a produção artística.

Os gênios, os bons, eles ainda existem, mas é cada vez mais desinteressante dar voz a eles porque eles não rendem. Em sua maioria eles não fazem o gênero popular. É por isso que há séculos não se ouve falar de Chico, João Gilberto ou Tom nas grandes mídias.

Tem muita coisa boa que é popular também. Principalmente no cinema. Mas no geral, é mais do mesmo.

Eu me lembro de 1984, de Orwell, onde máquinas eram responsáveis pelo entretenimento do proletariado misturando histórias requentadas em romances baratos e rimas tolas em músicas prolixas. Nós estamos "quase" lá.

Mas é como você disse. Nós é que temos de ampliar nossos sentidos e usando um velho cliché, sermos também a resistência.